DISCLAIMER óbvio: eu entendo que 3 séculos de escravidão faz com que negros sejam tipicamente mais pobres, mais prováveis de serem aliciados ao crime, que os padrões de beleza privilegiam brancos. Basta entrar em qualquer hotel de luxo numa cidade do Rio de Janeiro ao norte e nordeste do país para perceber o recorte de cor. Obviamente, ninguém precisa ser ativamente racista no presente para que isso aconteça. Apenas a herança social de séculos de escravidão faz com que negros e brancos partam de locais diferentes na sociedade, ao menos probabilisticamente falando.

SEGUNDO DISCLAIMER: Tudo aqui é percepções e se fala de probabilidades. Existem negros racistas, brancos racistas, negros não racistas e brancos não racistas (além de asiáticos e índios). Sim, estou generalizando, mas sei que existem exceções.

Desde a assessora da Ministra Anielle Franco que foi abertamente racista com a torcida do São Paulo, a comentários em rede sociais e até mesmo de amigos, sinto que pessoas associadas ao movimento negro tem sido abertamente racistas contra brancos. Isso é diferente da minha experiência a respeito de racismo contra negros, que tipicamente é na lógica do homem cordial: você tem vergonha de estar sendo racista e tenta esconder, dizendo que é outra coisa.

Minha hipótese é que redes sociais tem popularizado essas teses de racismo estrutural. Isso significa que racismo é necessariamente contra negros e que não pode haver racismo contra brancos. E isso tem deixado negros, que (corretamente) se sentem oprimidos, confortáveis em serem abertamente racistas. A exceção de talvez casos muito muito explícitos por pessoas proeminentes (como a assessora da Ministra Anielle Franco), há pouco backlash. Eu mesmo tenho preguiça de na vida individual pushback contra esses racistas, porque eu sei que vão fazer um escândalo e a opinião das demais pessoas tende a protegê-los, mesmo quando estão sendo abertamente racistas.

Por exemplo, uma colega postou um tweet reclamando da prefeitura do Rio (não é a prefeitura, é arquidiocese do Rio) decidir homenagear a Taylor Swift no Cristo Redentor. O problema? Ela ser branca. E ela não tem nenhum traço cultural/racial semelhante ao nosso.

Obviamente isso causa algumas estranheza pra mim. 1) Eu tendo a tentar avaliar as pessoas pelo conteúdo do seu caráter, não pela cor da sua pele. Tenho a impressão que cada vez mais observamos pessoas do movimento negro querendo dizer que as pessoas são apenas a cor da sua pele. 2) há uma tentativa grande de monopolizar o que é ser brasileiro. Conheço trocentas brasileiras fenotipicamente parecida com a Taylor Swift.

Concordam? Tem outras anedotas? Estou extrapolando alguns datapoints?