"Quando seus olhos encontraram o olhar da Besta pela primeira vez, veio-lhe à cabeça a noite em que abriu a porta do quarto de seus pais e encontrou sua mãe trepando com o vizinho. Ela gritava e gritava e soltava tanto ar dos pulmões que parecia que ia ficar murcha para sempre. Sua mãe, desorientada, nada viu, contudo o homem percebeu e trocou um longo olhar com o menino, que à época devia ter mais anos do que pentelhos no saco. Enquanto violentava a mulher, o homem peludo sustentou o olhar para Cedo, que foi obrigado a fechar a porta correndo quando o viu abrir um sorriso de serrote com milhares de farpas pontiagudas. Já trancado em seu quarto e sob o resguardo de mil cobertores, Cedo rezou para que Deus protegesse sua mãe do ataque felino e das investidas atrozes do monstro atarracado de costas cabeludas e de mãos retorcidas."