“Oi! Estou na porta, qual apartamento mesmo?” Eu pergunto pelo celular torcendo para não estar muito atrasada e ouço ‘302’ como resposta. “Obrigada! Já estou batendo no interfone, abre pra mim.” Finalizo a ligação, ponho o telefone na bolsa e entro pelo portão em direção ao hall.

É a primeira vez que visito o apartamento novo do Marcos desde que ele se mudou mês passado. Somos grandes amigos desde do Ensino Médio, frequentamos a mesma faculdade juntos e, mesmo depois de formar, mantemos a amizade firme e forte.

Entro no elevador e aperto o botão do terceiro andar pensando nos últimos meses e no tempo que passamos juntos. Domingo passado ficamos a tarde toda uma roda de samba e foi exatamente o que eu precisava pra tirar a correria do escritório da cabeça. Eu nem sabia que ele gostava de samba! Sei lá, ele me parece... Diferente. Não sei explicar.

“Feliz aniversário Marquinhos!” Eu grito e pulo em seus braços quando ele abre a porta do apartamento pra me receber.

“Poxa Caroline, assim você me mata!” Ele ri e me abraça forte de volta, me soltando no chão depois de alguns segundos. “Falei que não precisava dirigir tanto tempo só para me ver, não estava planejando nenhuma comemoração hoje.” Ele diz ao fechar a porta atrás de nós.

“Você achou realmente que eu deixaria de comemorar o aniversário do meu melhor amigo?” Eu faço uma cara de surpresa bem dramática. “Nunca! Eu trouxe uma garrafa de vinho e pretendo voltar com ela vazia, é o mínimo que você merece depois do presente de aniversário que você me deu.” Tiro o salto, coloco a garrafa de Bordeaux na mesa de centro e me jogo no sofá. Com os olhos, acompanho Marcos indo em direção da cozinha.

“Então quer dizer que você gostou do vibrador que eu te dei?” Ele pergunta fora de vista. Consigo ouvir o bater de vidro e o som característico da louça enquanto ele procura algo no armário.

“Se eu gostei? Acho que não consigo viver sem mais. Uso praticamente todo dia e sempre levo comigo, nunca se sabe né?” Digo rindo, um pouco envergonhada “Sério, muito obrigada. Eu coloquei na lista de presentes, mas não esperava que seria essa a sua escolha. Inclusive eu pedi sua lista tem muito tempo e até agora estou esperando! Não acredito que você não vai me dar a oportunidade de te comprar nada.”

Marcos volta para a sala com uma taça em cada mão e um saca rolhas entre os dedos. “Ah eu até tentei montar uma lista, mas não tem muita coisa que eu queira. Fica tranquila Carol, não precisa me dar nada.” Ele abre a garrafa, enche nossas taças e senta do meu lado.

“Não, eu insisto!” Eu respondo tomando um pouco do vinho. “Me fala: o que você quer de aniversário? Pode ser qualquer coisa, se estiver ao meu alcance eu darei meu jeito.”

“Bom... Existe algo que eu queria, mas não sei como pedir...” Ele me diz demonstrando um pouco de desconforto, olhando para a taça em sua mão e pondo a mão atrás da cabeça. “Queria controlar seu vibrador” Ele retoma o contato visual, olhando intensamente pra mim. “Eu queria te fazer gozar e ver cada segundo do processo.”

Minha primeira reação foi de achar engraçado e dizer ‘não, seu tarado’, mas Marquinhos estava falando muito sério. Além disso, uma curiosidade dentro de mim que eu não sabia que existia me empurrava para aceitar, afinal somos grandes amigos e confio totalmente nele, o que poderia dar errado?